A não falta.
Às vezes a gente só consegue perceber a distância de alguma coisa porque aparece outra mais perto e daí você entende, porque você via antes e até sentia alguma coisa estranha, mas não entendia, não assim, conscientemente, para isso são necessários argumentos. E daí que com tudo é assim, a comparação apesar de ser questionável, já que não podemos nos apropriar de todas as variáveis, é irresistível e muitas vezes tudo o que temos para entender o que vemos e sentimos. Você acha que alguém gosta de você mas é muito tímido ou muito desajeitado para demonstrar, fica lá, se convencendo de que aquilo está bom, certo, que as desculpas a, b e c são excelentes para justificar as faltas d, e e f. Mas não é que aparece alguém do lado que consegue fazer com que as desculpas a, b e c desapareçam todas de uma vez, e então você assiste de camarote tudo aquilo que você sempre viu que não estava, mas agora conscientemente. A falta disfarçada já não pode mais se esconder. E então você sabe. "Bem que eu sentia algo estranho." Está lá, posto. A comparação pode levar a erros grotescos, pode até destruir uma vida. Dramático? Eu conheço gente que passa a vida infeliz e amargo porque o outro tem mais dinheiro, beleza, humor, sei lá eu. O que a gente esquece de olhar é que aquilo que se tem a mais, também se tem a menos. E como perceber a falta no outro daquilo que temos de sobra? Não nos chama a atenção. Só o que nos falta nos chama a atenção. A comparação é boa para a gente decidir o que quer. Eu quero aquilo lá. A não falta.
3 Comments:
ai, eu também...
September 10, 2007 12:36 AM
oiê!
só você mesmo pra me lembrar que eu não estou sozinha por aqui...
=)
September 14, 2007 2:55 PM
Ah, me ocorreu uma coisa. Comparar o que te acontece com o que acontece ao outro pode ser bom. Ruim é comparar o que você é com o oque o outro é. Por que cada um é único, não? Sem graus de comparação...
(veja que isso me ocorreu agora, que acabei de postar sobre o assunto...)
bjos
September 16, 2007 12:01 AM
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