"Truth is rarely pure, and never simple" - Oscar Wilde / "Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada" - Clarice Lispector

Sunday, February 08, 2009

Final

Eu acho engraçada essa paranóia que se abate sobre as pessoas no que diz respeito ao final das histórias. Se contar o final, elas não tem mais interesse em assistir, perde a graça. É como se toda a história só valesse pelos seus últimos momentos, como se todo o esforço em prestar atenção no desenrolar dos fatos fosse dirigido à sua consequência final. Esta sim, detentora de toda a verdade, a única capaz de decidir se tudo valeu a pena, se foi bom. Eu não entendo este conceito e digo mais. Eu nunca lembro do final das histórias. Principalmente final de filme ou de livro. Eu não lembro.

Não é marcante para mim. Cada momento da história é para mim um pedaço que se encerra em si mesmo. E tem sua magia. Dificilmente o momento mais interessante é o último, ainda mais quando se sabe último, porque é justamente o depois que é lírico e que faz sonhar. Eu já falei sobre a felicidade por aqui e o quanto de sonho de felicidade continuada ela é feita. Acho que mais do que não me importar com finais, eu os desprezo. Sim, diminuem a história, justificam. Se alguém se joga e em seguida se esborracha no chão, o que me interessa é o momento em que a pessoa se lança, esta beleza independe de qualquer resultado.

Monday, February 02, 2009

Compreender

Hoje eu ouvi de uma pessoa que eu amo muito uma coisa que mudou a minha vida para sempre, tá, a vida sempre muda, a todo o momento, mas você entendeu. O caso é que eu tinha para mim que a compreensão é razão direta da fecilidade, quanto mais você é capaz de compreender as pessoas, as coisas, o mundo enfim, maior sua capacidade de se sentir feliz. E nisto se baseava toda a minha existência.

E então eu ouço "Tem coisa que eu simplesmente não quero compreender, porque compreendê-las me machucaria ainda mais."

Oi?

Compreender alguma coisa pode ser pior? Sim, pode. Acreditar numa injustiça ao menos te proporciona um objeto de ódio, a sua existência pode ser dedicada a eliminação das injustiças. Mas e se o que te aconteceu não foi uma injustiça e simplesmente um fato da vida? E se as coisas forem justamente assim? E se a falta de amor fizer parte de tudo isso?

É, tem coisas que eu também prefiro não compreender.