"Truth is rarely pure, and never simple" - Oscar Wilde / "Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada" - Clarice Lispector

Sunday, September 27, 2009

O que eu gosto mesmo é de doçura

Eu gosto de comida japonesa. Eu gosto de bom humor e de inteligência. Eu gosto de MPB e de voz feminina cantando. Eu gosto de tênis. Eu gosto de dançar. Eu gosto de cerveja e de vinho, eu só gosto de fermentados. Eu gosto de amigo e de beijo. Eu também gosto de abraço. Eu gosto de ler e gosto muito de escrever. Eu gosto de rir. Eu gosto de timidez. Eu gosto de cama. Eu gosto de cabelo enrolado. Eu gosto de peixe. Eu gosto de chá, não tomo café. Eu gosto de seriado americano e de filme europeu. Eu gosto de cantar. Eu gosto da Paulista e da Europa. Eu gosto de viajar. Eu gosto de não saber. Eu gosto de chocolate e de doce que não tem chocolate. Eu gosto de palavras e de línguas. Mas o que eu gosto mesmo é de doçura. E de você.

Friday, September 18, 2009

A confiança é outra

As pessoas adoram falar em confiança principalmente num contexto de relacionamento amoroso. Bo-ring. Geralmente elas só estão preocupadas em não levar chifre. Me recuso a falar sobre isso. O que me interessa não é a auto comiseração velada que chamam de confiança, a confiança para mim é outra. Confiar é acreditar que a outra pessoa te quer bem. Eu só tenho amizade e amor por pessoas que eu acredito me quererem bem. E então, no decorrer da vida, dos anos, dos acontecimentos, das distâncias, existem os desentendimentos. Seja porque eu não entendi, seja por uma desatenção, seja por uma válvula de escape para quando apertam os sapatos. Uma coisa é certa, nós sempre vamos errar. E nos machucar com os erros dos outros e principalmente com os nossos. Mas, num segundo momento, assim que conseguimos voltar a respirar, nos lembramos do quanto nos querem bem as pessoas que sempre estiveram ali do nosso lado. E não tem nada melhor do que a sensação de ser aceito e perdoado, mesmo depois dos piores deslizes, porque eles se repetirão, e este obstáculo superado nos reforça a crença de que nunca estaremos só. Apesar de sermos quem somos. Apesar.

Tuesday, September 01, 2009

Aquele tudo alheio

Às vezes você encontra alguém em quem vê tudo, desde a barba macia, o cabelo ondulado, o olhar doce no meio do abraço que se demora, o silêncio da companhia certeira e o riso escondido nas pequenas coisas. Tudo tão exato. E a pessoa não vê nada, e ainda que veja alguma coisa não está livre para dar a atenção necessária logo descarta. Não se deu conta. Neste momento a solidão parece se ampliar tanto que é como se caíssemos sem uma mão que salve. Está vazio o espaço entre mim e o resto. Falta até o ar. Falta tudo. Aquele tudo que está lá tão alheio. O encontro é o tipo de acontecimento mais raro que existe.