"Truth is rarely pure, and never simple" - Oscar Wilde / "Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada" - Clarice Lispector

Sunday, May 24, 2009

Gripe

Nada como três dias de cama sem poder comer ou dormir sem alguma dor ou desconforto para sentirmos aquela felicidade boba por estar vivo e o sol estar lá e aquela coisa toda assim que nos sentimos bem e saudáveis e livres para dançar e sorrir e sair e correr. Não é isso de "para chegar no paraíso blá blá blá". É só que alguma abstinência devolve muita vida e sabor para as coisas. Claro que a gente só percebe isso após o período terrível da falta e é assim que funciona mesmo, o problema é que tem gente que reclama de tudo que é ruim sem perceber como o ruim é um dos grandes responsáveis pelo bom. Não, o problema não é bem reclamar porque reclamar pode ser charmoso e engraçado. Mas se apegar ao ruim é chato. É ruim, eu sei, e tem coisa ruim na vida de todo mundo e sei lá, passa, e daí fica melhor do que era. Não tenho paciência para gente que nunca sai da fase ruim mesmo quando ela já passou. É isso. Tolerância restrita para a dor alheia, por enquanto você tem o direito de sofrer perto de mim, agora não mais, time's up.

Sunday, May 17, 2009

Ave de rapina

O cinismo diante das coisas pode trazer humor e fazer rir mas não deixa de ser triste. É como optar por ser esperto e seco ao invés de ser bobo e ter fé. Eu acho bonito ser bobo e tem coisas diante das quais eu me recuso a ser cínica, como diante do pássaro que pousou por 4 minutos no parapeito da minha janela, uma ave de rapina de 40 cm de altura, linda e selvagem. Eu posso rir disso por alguns momentos ou eu posso achar isso lindo para sempre. Eu acho lindo para sempre.

Friday, May 01, 2009

Fim

Eu ando paranóica com essa idéia de fim. Não que tudo acaba, que tudo acaba é lugar comum, mas que uma hora acaba tudo. E fico tentando me colocar lá nesta hora. Me ver lá. Tomo uma pausa, outra. E o único pensamento é o de que nada importa. Nada. Tudo faz falta. Tudo faz doer porque não está mais, nem vai. Os incômodos tanto quanto as alegrias. Tanto quanto. Respirar e poder ir para onde quiser a cada minuto do dia. Interagir com pessoas e ser agredido, abraçado, mudar de direção. Todas as coisas, absolutamente todas, me doem porque extinguem-se, esgotam-se. No fim, tudo tem valor. Tudo.