"Truth is rarely pure, and never simple" - Oscar Wilde / "Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada" - Clarice Lispector

Saturday, April 18, 2009

Beleza

A beleza não é impune, ela representa. Aquilo que é bonito de se olhar, de se apreciar, traz boa sensação, é agradável, simétrico, faz sentido. É o que procuramos, a beleza, é bom. Mas o que é bonito sim, se profana. A beleza fácil também é bonita mas é comum. Tem muita beleza que está ai e não se vê nunca. A beleza ignorada. É menos bela? Não. E não menos óbvia. É apenas menos superficial. Não é manchete de jornal, é romance russo. Tem muitos nomes parecidos na trama, é preciso dedicação e esforço para chegar ao final. A beleza exige. O que não é bonito não interessa mas o julgamento se precipitado desperdiça a melhor parte. Eu quero a melhor parte e estou atenta. Me proponho sem saber o que vou encontrar. A nossa própria beleza deveria ser algo assim e é. A outra beleza esconde, é maquiagem. Esta revela. Eu quero a revelação.

Eu filósofa

Se eu fosse filósofa, toda a minha teoria seria baseada na inexistência do mal. Toda a agressão, a palavra mal dita, o desgosto, o amargo, todo o desagradável seria uma resposta humana àquilo que não se entende, ao que não é correspondido, ao que é atropelado ou mantido em silêncio, à falta de amor da maneira que se pode entender e receber. Todo mal é um mal entendimento. É a reação possível. É a flor da pele, são os poros, é o pus. Que se põe mal, que sofre e agoniza e contamina. Todo mal é uma forma de dor. Que merece pena. Todo não amor é falta de. É o não aprendizado, é o que eu não posso entender. Exige prática, a vida. E sem alimento se morre.

Mas eu não sou filósofa, eu não sou.