"Truth is rarely pure, and never simple" - Oscar Wilde / "Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada" - Clarice Lispector

Wednesday, September 18, 2013

Emagrecer para que?

Eu fico me perguntando: por que as pessoas são tão extremamente obcecadas por emagrecer? E já vamos começar admitindo que não é por causa de saúde coisa nenhuma, a galera toma remédio, faz jejum, pula refeição, fuma cigarro, se entope de café, desenvolve gastrite, anemia, faz lipo, fica ansiosa, estressada, faz exercício até se machucar, tem gente até que desenvolve distúrbio alimentar e morre, o que não me surpreende com essa pressão toda que existe para que nossos corpos sejam igualmente magros, é muita gente controlando nosso peso, aliás vão cuidar da própria vida e deixem as pessoas em paz!

E pra que tudo isso? Olha, se a resposta fosse sexo eu juro que ficaria mais feliz. Afinal sexo é um bom motivo. Mas eu não vejo as pessoas falando sobre sexo, liberando seus desejos, interessados no clitóris (que aliás foi negligenciado por séculos inclusive pela medicina, e bom, ainda é né), os filmes continuam mostrando pessoas magras fazendo um tipo de sexo coxinha voltado para o orgasmo masculino, e bom, nada de conversa sobre prazer sexual.

Qual é o lance então? O que essas pessoas tanto querem? Eu não entendo qual é o benefício de ser sexualmente atraente para a grande maioria das pessoas ao seu redor (a não ser que você realmente pretenda ir pra cama com todo mundo, daí tudo bem), a mim basta o interesse sexual de algumas pessoas. Aliás, se você parar para realmente refletir sobre isso, a gente não precisa de tanta gente assim na vida. Um bom grupo de pessoas que gostem da gente já é pra lá de suficiente pra gente ser feliz. Essa ideia de ser querido pela maioria serve a quem? A gente não é empresa de comida congelada que precisa colocar uma embalagem chamativa para que um grande número de pessoas compre aquela merda. É só pra se sentir bem consigo mesmo por se achar melhor que os outros? Bobagem. Muito esforço pra nada.

E você pode até pensar que no seu caso específico não tem jeito, ninguém vai gostar de você se você não for magro, mas acredite, você está errado. Tem gente de todo tipo nesse mundo, todo tipo mesmo, tem gente que curte cocô, se você procurar bem vai encontrar pessoas que são da sua turma, que gostam das mesmas coisas que você, que te admiram e que vão te fazer feliz. Se solta.

Monday, June 17, 2013

Sobre moda

Eu não entendo nada de moda.

Só conheço a moda da estatística.

Aquela que é o que mais se repete.

Eu acho que a moda pode ser arte.

Como muita coisa na vida.

Pode ter paixão, pode ter amor.

Pode ser bonita.

A roupa é importante.

Eu não sou importante.

Eu tenho que caber na roupa.

A roupa está certa.

Eu estou errada.

Tem que ver com quem entende de moda o que é para usar.

De acordo com a categoria de pessoa que eu sou.

Teria que perguntar.

Wednesday, September 19, 2012

Sinceridades

Existem dois tipos de sinceridades. Um deles é a sinceridade das coisas más, feias, negativas. O outro é a sinceridade das coisas bonitas e boas. A primeira é dura, certa de si, tirana. Ela machuca como uma faca, é cruel e dissimulada, muitas vezes até justiceira, sempre devastadora. Já a outra é doce e calma, quase como um abraço que de tão bom e aberto, se demora, exagera, quase se esquece que é uma sinceridade. Este tipo é quase uma mentira, é um ato de amor.

Tuesday, July 31, 2012

Feminismo

Eu não sei direito por que faz tanto tempo que eu não escrevo nesse blog, mas definitivamente a Anita Sarkeesian me inspirou a voltar. Ela tem um blog onde ela posta vídeos que falam sobre feminismo, o feministfrequency.com. E bom, eu entendo o medo que as pessoas tem só de mencionar este tema e instigar o ódio e preconceito das pessoas, porque afinal de contas vão procurar problemas reais para tratar, esse assunto já é velho e só vocês ainda não perceberam que nossa sociedade já é igualitária para as mulheres então, não encham. Daí que tem um vídeo no qual ela fala da quantidade de filmes em que não existem duas ou mais personagens femininas com nomes e que falam uma com a outra sobre qualquer outra coisa que não seja homem. São muitos. Faz a gente pensar que nossa, se a sociedade tem esse assunto tão superado já, então como? A verdade é que a gente nem percebe essas coisas de tanto que estamos acostumados em viver num mundo em que os homens estão sempre no centro. E ficar irritado só porque alguém se deu ao trabalho de observar e falar sobre isso, essa mesma intolerância gerada com o assunto feminismo, bom, isso por si só já mostra que estamos muito longe de termos resolvido essa questão.

Saturday, November 26, 2011

Perdedor

Por que só se conta histórias de gente vitoriosa e genial que mudou o mundo? Pode muito bem ser que eles fossem se tornar notáveis de qualquer maneira e a gente acha de sair copiando comportamentos. E se eles foram a exceção? Eu precisava saber também a história de uma dúzia de perdedores, desses bem fracassados, para saber se são realmente certeiras as ações dos ganhadores. O Steve Jobs, por exemplo, falou que a gente tem que continuar procurando até achar alguma coisa que ame. Será que alguém já se deu muito, mas muito mal na vida fazendo exatamente isso? Será que a maioria? E o que aconteceu com eles? Taí um tema interessante para o pessoal de recursos humanos estudar, e ainda tem o benefício de que se o estudo der certo, eles podem aplicar na gestão das firmas e com isso ganhar mais dinheiro. Objetivo: Qual é o comportamento típico de um perdedor? Hipótese: Tentar ser diferente.

Thursday, August 25, 2011

Diferenças de Pensamento

Por que será que é tão difícil conviver com as diferenças? E eu não me refiro apenas às diferenças óbvias de raça, religião ou orientação sexual. Há uma intolerância crescente com relação às diferenças de atitude e pensamento. O espaço para a discussão é reservado aos sem educação ou hostis e não é valorizado. "Não gostou do que eu escrevi, não me segue". E eu me pergunto, por que? Desde pequenos nós procuramos nos unir aos nossos semelhantes numa tentativa de nos sentirmos seguros e certos. Um pensamento antagônico seria suficiente para destruir toda a minha certeza ou ainda, a minha ideia de ser uma boa pessoa. Ficou muito claro isso no recente caso da Zara, que foi denunciada num programa de televisão, pelo ministério do trabalho, por utilizar trabalho escravo. Muitas pessoas, inteligentes e esclarecidas, correram em defesa da Zara alegando que outras empresas faziam igual e além do mais, que o problema seria do governo. Eu discordo, mas entendo quem pensa assim, como se nada tivesse jeito mesmo e tivéssemos que nos conformar, é triste mas eu entendo. O que eu não entendo são as pessoas vigorosamente criticando quem decidisse deixar de comprar na Zara por causa disso. Minha teoria é: se há alguém disposto a tomar uma atitude concreta em sua vida com o objetivo de melhorar o mundo, como por exemplo não comprar na Zara, isso faz com que todas as outras se sintam mal com as suas próprias atitudes, e a única saída para salvar sua auto imagem seria desqualificar o outro. Se aquele que deixa de comprar na Zara for tido como hipócrita, ou incoerente, ignorante, extremista, então eu sigo a viver em paz comigo mesmo. Não precisa ser assim. Cada um faz o que pode, o que acredita ser certo, quando alguém resolve fazer alguma coisa para mudar o mundo, isso deve ser comemorado e não fazer com que nos sintamos piores. Isso não é uma disputa para ver quem alcança Gandhi, somos só eu e você fazendo o melhor que podemos.

Thursday, August 18, 2011

Coerência

As pessoas tem sede por coerência. É só você afirmar alguma coisa sobre o que pensa e como vive e pronto, começa o jogo de encontrar provas de que a pessoa é hipócrita porque tem comportamentos que contradizem seus ideais. Assim como o político que tem que esconder cada uma de suas falhas mais do que humanas para ganhar as eleições, seguimos preocupados em disfarçar nossas cotidianas incoerências já que apenas uma seria o suficiente para destruir tudo, afinal de contas ou somos totalmente bons, ou somos maus. Ai de você se disser que gosta da natureza e depois for visto pisando naquela grama. Pior ainda se criticar aquele político corrupto que tem nos roubado há anos sem se lembrar o nome de todos os deputados em quem você votou nos últimos 10 anos. Não se pode mais dizer uma opinião qualquer sem fazer uma devida faxina na sua própria história e se certificar de que nunca jamais agiu de maneira contraditória a isto. É a polícia da coerência. E assim, com nossas falhas diárias, vamos sendo proibidos de reclamar, de criticar, de emitir opiniões, já não somos puros e imaculados, portanto não podemos falar nada. Amigos, vou adiantar os resultados da busca para vocês, não existe, a coerência. Nunca foi vista, podem parar de procurar.

Monday, May 09, 2011

Encontrando Razões

A gente se preocupa muito em entender as coisas, encontrar razões, explicações, e esquece que o que realmente importa são as coisas como elas são. Ou uma pessoa está, ou não está. Qualquer racionalização utilizada para justificar esta situação será inútil. A pessoa vai continuar estando. Ou não estando. As explicações podem te confortar ou ainda te dar esperanças de que alguma coisa vá mudar em breve. Quem pode prever? Quem pode julgar? Todas as explicações servem, motivações egoístas e outras nem tanto andam de mãos dadas. Nada é tão claro assim, nem pra quem sente. Melhor aceitar as coisas como elas são. Melhor aceitar os desejos dos outros. Assim mesmo, do jeito que eles são. Sem explicação.

Wednesday, February 23, 2011

Originalidade

O novo hype é a busca desesperada por ser original. As pessoas andam apavoradas com a idéia de serem parecidas com as outras pessoas da sua idade, do seu país, da sua profissão. A verdade é que as pessoas querem ser extraordinárias, fora do comum, brilhantes, frescas, novas, geniais. Não há nada de errado com isso, eu imagino que querer ser tudo isso ai deva ser bastante estimulante. E talvez cansativo. E forçado. E chato. Qual é o problema em ser igual a todo mundo? Sim, aquela escritora que você adora fez muito sucesso e todo mundo comenta sobre ela, não precisa começar a gostar dela escondido só para que as outras pessoas não pensem que você é só mais um, sem um pensamento próprio, sem nenhuma personalidade. Aquele cantor bem underground da bélgica ficou famoso e já fez até tour no Brasil? Não vai deletar do ipod, dizer que gostava mais quando ele era underground e que agora ele perdeu aquele jeito maroto de ser, se vendeu pra mídia mesmo, pronto. O problema é que gostar das coisas só porque os outros gostam, ou NÃO gostar das coisas só porque os outros gostam é A MESMA COISA. Um peca pela falta de originalidade e o outro pela falta de originalidade e raciocínio. Está cheio de gente por ai medindo o valor das coisas pelo sucesso que elas NÃO fazem. Isso também é ser maria vai com as outras ao contrário viu. Muita energia gasta para nada, que tal gostar das coisas quando se gosta das coisas, e não achar que isso vai ter alguma interferência no seu status como ser humano ou que isso vai fazer de você um ser extraordinário. Existem coisas extraordinárias nas pequenezas mais comuns, e sim, isso também é um clichê. Quanto a fazer coisas extraordinárias, eu realmente espero que você faça, mal posso esperar para ver.

Monday, February 07, 2011

Injustiças

São tantas milhões de milhares de pequenas injustiças que se dão no mundo a cada segundo, é a preferência de um, o esquecimento do outro, alguém fica doente, o outro foi atacado, alguém nasce antes da hora, é uma dor, mais do que uma dor, uma indignação. Nos indignamos contra o planejador disso tudo que distribui tão mal os azares, ou contra você, contra mim, contra você também, que viabilizamos essa dinâmica e só pensamos em nós mesmos. E enquanto nos indignamos contra as injustiças que nós sofremos (mais do que com as sofridas por outros) o mundo segue seu rumo e ninguém se move. Eu aqui agonizando e ninguém sequer percebe. E a sua agonia, percebo eu? Estamos todos sozinhos e isolados no momento em que descobrimos que somos uma coisa e o mundo é outra.

Tuesday, November 16, 2010

Eu abro mão.

Justiça é uma coisa que me parece cada vez mais utópica e ingênua. Quase como a verdade. É um prazer fácil despejar no outro palavras azedas de frustrações recentes ou decisões raivosas de tudo aquilo que nos foi negado. Sofro eu, sofre você também e assim me alivio. E chamo a tudo isso de justiça. Porque você mereceu, fez mal feito, desejou o pior, e agora com todo o meu poder de gente que faz parte do mundo eu promovo igualdade na desgraça te fazendo o mal. Em geral é assim que se dá a justiça na cabeça das pessoas. Mal param para pensar que essa contabilidade do mal causado e do mal pago nem sempre zera o resultado. E se sobrar mal para qualquer um dos lados a justiça terá que ser feita novamente e esse ciclo que começou sei lá onde não termina nunca. Eu não faço justiça. Eu não pago na mesma moeda. Eu não contabilizo o mal que me fazem, intencionalmente ou não, para retribuir e assim me aliviar. Eu não quero que paguem. Eu prefiro esquecer. Eu abro mão.

Friday, August 20, 2010

Despedidas

Uma das coisas mais fáceis do mundo é se afastar de mim, se você quiser ir embora eu não vou questionar, não vou gritar nem brigar, eu vou entender, vou te dar um abraço de despedida e do fundo do coração desejar tudo de bom. Isso porque eu sei que às vezes temos que ir embora. O que me incomoda é a covardia de quem vai embora apenas dentro de si e deixa o outro sem saber, é o egoísmo da mentira. Quando o que se diz é uma coisa e o que vai por dentro é bem outra. E no fundo tenho pena de quem só achou meios de viver assim, sendo um farsa, certamente por saber o pouco valor que tem não sabe agir senão com enganações. Eu posso continuar sozinha, mas continuo tendo a mim, meus valores, minhas verdades, e minha fé inabalável. Quando você só é capaz de provocar o mal às pessoas, inclusive àquelas que te estendem a mão, o que esperar da vida?

Saturday, April 03, 2010

Páscoa

Nossa idéia de justiça é a de que deve-se pagar por aquilo que se faz, ou deixa de fazer. Se alguém for indelicado comigo ou ainda me negar o que me seja de direito, além de me magoar muitíssimo eu me acharei no direito de retribuir a gentileza e esperarei por isso, se é que há alguma justiça no mundo. E assim caminha a humanidade cheia de julgamentos e retribuições. E pensar que todo ano comemoramos Páscoa porque alguém foi capaz de perdoar e seguir em frente. Eu me lembro uma vez de terem me falado de mesquinharia, claro que se referiam à dinheiro, mas para mim não há mesquinharia maior do que a impossibilidade do perdão. Quantas decisões na sua vida você já tomou motivado pelo dinheiro? Se tiverem sido muitas, e eu posso apostar que foram já que poucos estão dispostos a arriscar seu conforto, eu sugiro que você se libere do peso e passe a viver um pouco mais de acordo com os seus sonhos. Viver assim faz com que nós nos sintamos tão mais aptos a perdoar, e a ver graça na felicidade alheia. Ser infeliz é o pior castigo que você poderia desejar para todos nós, humanos.

Sunday, January 10, 2010

Sou mesmo, e daí?

As pessoas costumam achar que tem um grande poder em mãos, o poder de dizer o que pensam sobre alguém. Este poder é ainda maior quando se pensa alguma coisa ruim sobre a pessoa, virar e dizer "você é um egoísta" tem um sabor de profecia tamanha a justiça divina que se emana deste momento. E eu nem estou questionando a verdade da afirmação, você pode estar enganado, claro, mas existem grandes chances de que você esteja certo e a pessoa seja mesmo egoísta, todos somos uma vez ou outra. Meu ponto é, e daí? Grandes coisas você ter percebido que a pessoa é egoísta, e agora, o que você vai fazer com esta descoberta? Sim, porque a pessoa tá lá, toda toda, sendo egoísta há mais de 30 anos e vivendo bem com isso, foi você que se incomodou, pior, que se alarmou com este simples fato da vida. Eu ia até dizer que normalmente se percebe o egoísmo alheio quando o outro não pensa em você, mas esta já é uma outra conversa, somos todos muitíssimo preocupados cada um consigo mesmo. Minha resposta ideal sempre que me acusam de ser isto ou aquilo que, em geral, sou mesmo, é dizer, você tem toda a razão. Vou começar a dizer além disso que tenho em mim todos os males do mundo. E você, não tem? Ver que eu sou egoísta é fácil, quero ver alguém que veja minhas belezas escandalosamente deslumbrantes.

Thursday, November 05, 2009

Natureza Distante

Eu gosto da neve que atrasa e do trovão que faz correr, eu gosto da turqueza que brilha e do tufão que faz tremer, eu gosto da selva que dispara e do eclipse que faz esconder, eu gosto do cometa que espera e do abismo que faz esquecer. Eu só não gosto de uma coisa sem a outra, sem girar, sem mudar, sem anoitecer.

Monday, November 02, 2009

Erros

Eu não quero mais supor que as pessoas sejam sacanas. Nem esperar o pior, no primeiro sumiço, na primeira frustração, ou na vaga resposta que teima em não chegar. Isso tudo também faço eu, respostas que não chegam, sumiços e esperas. Por não saber, por sentir demais, coisas demais, contraditórias, paralisantes, ou apenas por estar triste, por estar na dúvida, ou por estar comigo mesma e precisar disso. E então não há culpados. Somos o que somos. E acreditar no ruim machuca tanto, é a crença mais auto destrutiva que pode existir, pois não leva em conta o turbilhão caótico que se dá dentro de cada um, atribui tudo a uma falha, normalmente sua. Não é justo. Um alvo certo tem milhões de erros ao redor. E os erros são nossos mais fiéis companheiros desde sempre. Não porque somos maus, mas porque estamos vivos.

Wednesday, October 28, 2009

Feliz

Nada, absolutamente nada na minha vida foi tão libertador, tão delicioso, tão confortável emocionalmente, do que abrir mão de absolutamente todas aquelas coisas que eu sempre achei que fossem boas para mim. Só assim eu pude sem culpa me lambuzar em tudo aquilo que eu queria, mas tinha medo, ou achava errado, ou sentia vergonha. Só assim eu pude me lançar. Sem pedir explicação nem para mim mesma. Sem pensar sobre o motivo pelo qual aquilo me fazia sentir tão bem. Foi só assim que eu comecei a ser feliz.

Friday, October 23, 2009

Espelho

Me vejo na luz do sol refletida em olhos bons, e nos passos que se distanciam. Me vejo nos braços abertos e nus e no gemido de surpresa. Me vejo nos dedos entre os cabelos, e nos olhos cúmplices sorridentes. Na cama quente e macia, e nas portas fechadas por todos os lados. Me vejo no mergulho ao fundo do mar, e nas imagens embaçadas. No café quente entre as mãos pela manhã, e no ônibus que já está partindo. Me vejo nos ouvidos mergulhados na piscina e no peito vazio batendo forte. Só não me vejo em mim mesma. Não sem espelho. Não sem você.

Desencontros

Ultimamente a única coisa que tem me deixado triste são os desencontros. É ver que por ser assim, como eu sou, alguém de quem eu gosto muito pode se magoar, e ficar triste, e ir para longe. Me deixa triste estar longe de quem eu gosto muito. Me deixa triste fazer sofrer a quem eu gosto muito. Me deixa triste as conseqüências negativas de eu ser quem eu sou. Mas eu gosto de ser assim, como eu. Todas as coisas do mundo tem conseqüências negativas, é só ter imaginação para encontrá-las. Além do que eu ser como eu sou não é bem uma escolha. A escolha seria eu ser uma tentativa de outra pessoa. Mas eu gosto mais assim. Eu prefiro e escolho ser assim. E por isso é também minha culpa alguém se chatear comigo. Não sei se fico mais triste por conta da falta de perdão que a tristeza e a distância representam, e a falta de amor que é a origem disso tudo, ou se fico mais triste em fazer alguém tão bonito e bom sofrer. Nunca fui boa em separar as coisas.

Sunday, September 27, 2009

O que eu gosto mesmo é de doçura

Eu gosto de comida japonesa. Eu gosto de bom humor e de inteligência. Eu gosto de MPB e de voz feminina cantando. Eu gosto de tênis. Eu gosto de dançar. Eu gosto de cerveja e de vinho, eu só gosto de fermentados. Eu gosto de amigo e de beijo. Eu também gosto de abraço. Eu gosto de ler e gosto muito de escrever. Eu gosto de rir. Eu gosto de timidez. Eu gosto de cama. Eu gosto de cabelo enrolado. Eu gosto de peixe. Eu gosto de chá, não tomo café. Eu gosto de seriado americano e de filme europeu. Eu gosto de cantar. Eu gosto da Paulista e da Europa. Eu gosto de viajar. Eu gosto de não saber. Eu gosto de chocolate e de doce que não tem chocolate. Eu gosto de palavras e de línguas. Mas o que eu gosto mesmo é de doçura. E de você.